O CReCER 2025 reafirma uma verdade cada vez mais evidente: a contabilidade do futuro está diretamente vinculada à sustentabilidade, à inovação tecnológica e ao compromisso ético. A conferência, ao reunir autoridades globais, especialistas e profissionais da área, evidencia que o papel do contador está se expandindo para muito além das funções técnicas tradicionais. Em um mundo em constante transformação — social, ambiental e digital — o contador se torna um agente-chave da transparência, da responsabilidade corporativa e da criação de valor sustentável.

O profissional da contabilidade precisa lidar com demandas que exigem visão sistêmica, domínio de tecnologias emergentes e, sobretudo, consciência de seu papel como facilitador da sustentabilidade. Não se trata apenas de adaptar-se, mas de liderar transformações que ajudem a construir modelos de negócios mais éticos, resilientes e inclusivos.

A ideia de que o contador é apenas um registrador de fatos econômicos está superada. O mercado exige que ele saiba interpretar cenários, antecipar riscos, orientar estratégias e traduzir dados em decisões inteligentes. Isso inclui o uso da inteligência artificial, da análise de grandes volumes de dados (big data), de sistemas integrados de gestão (ERP) e da produção de relatórios integrados e de sustentabilidade, hoje cada vez mais exigidos por investidores, órgãos reguladores e a própria sociedade.

Nesse novo ambiente, a contabilidade se torna linguagem da confiança, conectando as dimensões financeira, ambiental e social do desempenho empresarial. Os relatórios de sustentabilidade, alinhados a padrões internacionais como o IFRS S1 e S2, ganham protagonismo como instrumentos que revelam não apenas o que a empresa lucra, mas como ela lucra. E isso muda tudo. A ética, a transparência e a governança se tornam tão relevantes quanto o resultado final.

O Brasil, ao participar de eventos como o CReCER e se posicionar em fóruns internacionais, demonstra estar sensível à evolução da profissão. Mas o verdadeiro desafio está na conexão entre o discurso institucional e a prática cotidiana. Isso passa pela formação de novos contadores, que precisam ser preparados para essa realidade multidimensional, e pela capacitação contínua dos profissionais em atividade, que devem incorporar novas competências técnicas e socioambientais ao seu repertório.

As entidades de classe também têm papel crucial: precisam atuar como promotoras da transformação, incentivando boas práticas, fortalecendo marcos regulatórios e oferecendo suporte técnico e educacional. O protagonismo contábil frente à sustentabilidade depende de uma atuação articulada e comprometida com o interesse público.

Sustentabilidade, nesse contexto, não é apenas uma pauta externa, nem uma tendência passageira. É um compromisso estratégico e inadiável, e a contabilidade tem todas as condições para ser protagonista em sua consolidação. Cabe ao profissional contábil assumir esse papel com preparo, visão crítica e responsabilidade.