Visor Técnico – Nº251 – 11/05/2020

 

Nº 251 – 11 de Maio de 2020
Comunicados Técnicos do CFC
Artigos

Comunicados Técnicos do CFC

1- Contabilidade Gerencial ajuda empreendedores a superar a crise
Por Maristela Girotto
Comunicação CFC

Neste período de dificuldades operacionais e financeiras para muitas empresas, em decorrência da crise econômica provocada pelo novo coronavírus, a contabilidade gerencial pode ser bastante útil para auxiliar os empregadores na gestão dos negócios. Neste 25 de Abril, Dia do Profissional da Contabilidade, o Conselho Federal de Contabilidade presta homenagem a todos aqueles que trabalham com a contabilidade gerencial – assim como a aqueles que se dedicam aos demais ramos da Ciência Contábil – com uma entrevista com um contador apaixonado pela profissão: Antoninho Trevisan

Um exemplo prático e comum do auxílio que a contabilidade gerencial pode dar aos empregadores ocorre quando o gestor precisa avaliar como está a empresa e se ela tem condições de continuar os seus negócios. Nesse momento, a forma mais segura de obter informações é verificar o passivo, as suas dívidas, comparando-o com a chamada geração de caixa, o que pode indicar o grau de solvência da empresa, ou seja, se ela tem condições de saldar as dívidas ou se já deve procurar renegociá-las.

“A contabilidade gerencial pode ser também chamada de inteligência contábil”, afirma o contador e professor Antoninho Marmo Trevisan, presidente da Trevisan Escola de Negócios. Segundo ele, trata-se de fazer a correlação entre os dados extraídos do balanço, de onde são retirados indicadores que, quando analisados, têm condições de determinar o que os gestores têm a fazer.

Quando se está diante de uma crise, continua Trevisan, uma das questões mais relevantes para as empresas é a capacidade de geração de caixa e, nesse caso, a contabilidade gerencial se vale do fluxo de caixa para analisar o cenário. “Na atual crise, esse ramo da contabilidade também é determinante na comparação dos custos, chamando a atenção para os que agregam valor ao produto e para os que não agregam, evidenciando, assim, aquilo que pode ser eliminado, já que não é percebido pelo consumidor. Nesse momento de baixo consumo e demanda reprimida, será muito importante para as empresas entregarem produtos mais baratos”, explica o contador.

Além disso, no momento atual, de acordo com Trevisan, a contabilidade gerencial também pode ajudar a avaliar o quanto representa o aluguel que uma companhia paga e como ela pode produzir e gerenciar o negócio a distância, o quanto mais barato custa o chamado home office – ou teletrabalho – e as vantagens de se ter boa tecnologia disponível.

“Tenho certeza que a contabilidade gerencial também será utilizada, neste momento, para apresentar pleitos aos governos. Quando hoje se questiona a viabilidade de uma empresa frente às paralisações, ao isolamento social, isso está representando um custo. Então, as perguntas que ficam são: quem pagará esse custo? Qual o tamanho desse custo?”, analisa. Para ele, será necessário informar claramente esse cenário de crise a prefeitos ou a bancos, por exemplo, demonstrando se a empresa será capaz de saldar seus compromissos financeiros diante das paralisações atuais.

A maneira como a empresa está se posicionando em termos de auxílio às camadas mais pobres da população também pode ser demonstrada pela contabilidade gerencial. “Ela pode levantar o custo desse programa social – seja porque a empresa está distribuindo máscaras, cestas básicas ou outros itens essenciais – frente ao seu caixa. De que maneira isso será controlado? Quantas pessoas vai atingir? Essas são questões que podem ser demonstradas pela contabilidade gerencial”, afirma Trevisan.

Externalidades

Esse tipo de contabilidade permite entender a real posição econômica da empresa, os principais desafios do negócio, o porquê dos resultados e, inclusive, as externalidades que mais impactam no seu desempenho.

Em relação a esse fator, Trevisan cita um exemplo: “Quando vai ser construída uma usina hidrelétrica, você pode comparar qual o custo que a sociedade vai ter, por exemplo, com o alagamento de uma grande área de terra, e a contabilidade gerencial vai demonstrar qual é a perda que se tem em termos de meio ambiente. Dessa forma, você vai poder comparar se é vantagem construir uma hidrelétrica ou uma usina eólica, que tem custo de construção mais alto, mas, por outro lado, tem externalidades menores, como impactos ambientais e sociais. Assim, a contabilidade gerencial pode demonstrar que não é razoável que se construa a hidrelétrica, mesmo ela custando menos”.

O contador lembra que a importância da avaliação desses fatores foi, inclusive, destacada pelo ex-presidente americano Bill Clinton, durante palestra ministrada no 19º Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em Belém (PA) em 2012. “Clinton, de certa forma, chamou a atenção dos contadores brasileiros, porque, ao calcular custos de oportunidade ou de construção de ativos, muitas vezes, se deixa de lado as externalidades”, recorda Trevisan, acrescentando que o ex-presidente americano afirmou, na ocasião, que uma boa contabilidade deveria demonstrar também todos os impactos de uma determinada decisão gerencial que tenham a ver com a sociedade e a humanidade.

Contabilidade e o dom de sonhar

Trevisan faz questão de deixar registrada uma frase do poeta português Fernando Pessoa: “Duas coisas o destino me deu – alguns livros de contabilidade e o dom de sonhar”.

Segundo o contador, sempre que lê essa frase, ele pensa que o poeta lusitano estava se referindo à contabilidade gerencial, que permitia que ele tirasse partido da correlação das contas públicas, comparando orçamentos e despesas de servidores versus receita de tributos, entre outras coisas.

“A contabilidade gerencial é um pouco isso. Ela lhe dá insumos para você sonhar e fazer correlações para a tomada de decisões, tanto na área privada quanto na pública, especialmente em momentos de crise, ajudando a superar dificuldades”, conclui.

2- Contabilidade Pública: Um serviço em prol da transparência

Por Lorena Molter

Comunicação CFC/Apex

A pandemia de coronavírus impactou todo o mundo. Em poucos meses, chefes de Estado e autoridades buscavam soluções para conter os problemas na saúde. Ao mesmo tempo, iniciou-se uma corrida para reduzir os impactos econômicos.

No Brasil, não foi diferente. Em um curto espaço de tempo, várias Medidas Provisórias foram publicadas na busca da preservação do emprego e da renda. Parte desses documentos tratava de ações quem envolviam a liberação de um grande montante de recursos de financeiros.

Entre essas iniciativas emergenciais estão a abertura de créditos extraordinários específicos para o cumprimento de ações e de programas temporários nas áreas da saúde e da assistência social e transferências aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Também houve o lançamento do auxílio emergencial de R$ 600,00, voltado aos brasileiros que estão em situação de vulnerabilidade. O governo ainda concedeu benefícios destinados à manutenção do emprego e da renda e financiamento para o pagamento da folha salarial.

A presidente da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC) e primeira mulher a ser Auditora-Geral do Estado do Alagoas, Maria Clara Bugarim, destacou em uma live realizada pelo Conselho Federal de Contabilidade, no último sábado (25/04), a importância da atuação do profissional contábil no setor público. “A nossa grande responsabilidade é a responsabilidade social. Temos uma sociedade que precisa de informações fidedignas e, acima de tudo, entender, falar em controle social, que é o maior controle”, pontua.

Nesse cenário de enfrentamento aos efeitos da Covid-19, a Contabilidade Pública tem contribuído com a transparência na divulgação dos gastos realizados. É o que explica a Subsecretária de Contabilidade Pública da Secretaria do Tesouro Nacional, Gildenora Batista Dantas Milhomem. “É um período crítico, pois a Covid-19 é invisível, porém tem um efeito devastador na perda de vidas e na maior crise da economia mundial. Assim, a Contabilidade Pública tem um papel importante no apoio aos gestores na aplicação das normas e padrões já implantados, permitindo que a execução orçamentária e financeira seja realizada de forma célere e adequada, possibilitando que se façam todos os registros contábeis e patrimoniais fidedignos para a efetiva divulgação da prestação de contas dos gestores nas três esferas: federal, estadual e municipal”, explica.

Aplicada à administração pública, essa área da contabilidade, além de assessorar os gestores com dados a respeito do patrimônio da organização em que atuam, levam à população informações sobre como os recursos públicos estão sendo empregados. Isso garante transparência entre os governos e os cidadãos.

Uma plataforma para o controle social 

O Tesouro Nacional lançou, no dia 16 de abril, o Painel de Monitoramento dos Gastos da União com Combate à Covid-19. A plataforma visa ampliar a transparência sobre os gastos públicos relacionados ao combate do coronavírus e seus efeitos. “Essa ferramenta foi construída pela Coordenação Geral de Contabilidade da União e permite o acompanhamento da execução das despesas previstas nos programas anunciados pelo Governo Federal para enfrentamento da pandemia causada pelo coronavírus”, explica Gildenora Milhomem. O Painel é atualizado diariamente com informações sobre as despesas pagas até o dia anterior.

“Além do valor global dos gastos realizados, será possível verificar no Painel os desembolsos efetivados por programa e ação orçamentária, órgão/ministério, natureza da despesa e fontes de recursos”, completa a Subsecretária de Contabilidade Pública.

A importância da Contabilidade Pública para o controle social

A publicação de Medidas Provisórias e o aumento de repasses de dinheiro pelo governo mudou a rotina do profissional que trabalha com Contabilidade Pública e deixou mais evidente a sua importância para o país.

“O profissional se engajou nesse apoio aos gestores. No caso do Tesouro Nacional, a apresentação do Painel se constituiu numa ferramenta de transparência  importante, a qual foi disponibilizada de forma rápida e objetiva, auxiliando inclusive à imprensa na divulgação dos dados detalhados da execução dos programas anunciados pelo governo federal”, ressalta Gildenora Milhomem.

Maria Clara Bugarim destaca a importância do profissional da contabilidade na administração pública. “Somos nós que precisamos transformar as informações e dados que estão disponíveis em informações preditivas. Então, na área pública, acho que nós estamos fazendo essa ruptura. Os nossos portais da transparência, os nossos informes, a essência maior da contabilidade patrimonial, para dizer entendermos a importância da contabilidade orçamentária, mas nós precisamos prestar contas para a nossa nação da contabilidade patrimonial como essência”.

A contabilidade, que vem contribuindo, ao longo de sua história, para o desenvolvimento econômico sustentável dos países, é também aliada da democracia e da transparência. “Sem dúvida alguma, a contabilidade contribui para o exercício do controle social. A sociedade tem a disponibilização de informações numa linguagem simples, que permite o acompanhamento da aplicação dos recursos públicos em todas as ações do governo no enfrentamento aos efeitos da pandemia”, afirma Gildenora Milhomem.

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Estamos divulgando os artigos vencedores do 14º ENECON realizado em Teresina/PI nos dias 13 a 15 de junho de 2019. O artigo intitulado GRAU DE GOVERNANÇA ELETRÔNICA DOS ESTADOS NORDESTINOS (IGEN) foi classificado em 1º lugar e o artigo intitulado O Poder de Acurácia dos Estágios de Ciclo de Vida das Empresas nas Previsão de Lucros: Uma Análise das Empresas Listas na B3 foi classificado em 2º lugar.

 

GRAU DE GOVERNANÇA ELETRÔNICA DOS ESTADOS NORDESTINOS (IGEN)
 
Autores:
Cíntia Vanessa Monteiro Germano Aquino: Contadora, professora da UVA, certificada em IRFS pela ACCA, mestra em administração e controladoria pela UFC, especialista em controladoria, governança corporativa e contabilidade pública.
Viviane da Silva Sousa – Ex- aluna do Curso de Ciências Contábeis da UVA.
Ana Elisa Carneiro Costa – aluna do Curso de Ciências Contábeis da UVA.
Marcos Bruno Messias de Sousa– aluno do Curso de Ciências Contábeis da UVA.
1 INTRODUÇÃOA introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) exigiu que o Estado se tornasse mais eficiente, buscando transformações no controle organizacional interno e maior eficácia no controle social, melhorando a prestação desses serviços públicos e habilitando o espaço virtual para a ampliação do acesso público (FREITAS; LUFT, 2014). Nesse sentido, nasce a governança eletrônica, que é a comunicação entre o governo e seus cidadãos por meio de computadores e com auxílio da internet (EVANS; YEN, 2006).Portanto, a governança eletrônica torna-se um fator importante, porque colabora com a boa governança, melhora a relação entre governo-cidadão-empresa, principalmente, com mais transparência, accountability, redução dos custos de transação e aumento da participação cidadã. Além disso, aperfeiçoa processos internos e gera mais informações aos gestores, sendo uma forma de aproveitar o potencial e as facilidades da internet (MELLO; SLOMSKI, 2010).Dessa forma, surgiu a seguinte problemática: Qual o Índice de Governança Eletrônica dos Estados Nordestinos? Para responder a esse questionamento, este trabalho tem como objetivo identificar o Índice de Governança Eletrônica dos Estados Nordestinos (IGEN), baseado na metodologia de Mello e Slomski (2010). A Região Nordeste foi escolhida porque foi destaque na última verificação da transparência dos Estados (CGU, 2019).2 METODOLOGIA

Esta pesquisa se enquadra como quantitativa quanto à problemática e descritiva, quanto ao objetivo. Para a coleta de dados, utilizou-se a metodologia desenvolvida por Mello e Slomski (2010), denominada de Índice de Governança Eletrônica dos Estados Brasileiros (IGEB), para calcular o Índice de Governança dos Eletrônica dos Estados Nordestinos (IGEN).

Ao todo, foram analisadas cinco subgrupos: Práticas de Conteúdo (PCon), Práticas de Serviços (PSer), Práticas de Participação Cidadã (PPC), Práticas de Privacidade e Segurança (PPS) e Práticas de Usabilidade e Acessibilidade (PUA), totalizando 66 práticas, sendo 13 PCon, 16 PSer, 10 PPC, oito PPS e 19 PUA. Cada subgrupo variava de 0 a 20 pontos e, para saber a pontuação de cada prática, dividiu-se a pontuação máxima do subgrupo (20 pontos) pelo número de práticas do subgrupo.

Após as análises nos portais eletrônicos de cada Estado do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), cada prática recebeu sua respectiva pontuação. Para cálculo do IGEN, utilizou-se o somatório encontrado por todas as práticas. O IGEN então variou de 0 a 100. Após obter a pontuação dos Estados Nordestinos, foi realizada a estatística descritiva por prática e por Estado e os dados foram sintetizados em tabelas e gráficos. Ressalta-se que os dados foram coletados dos sites oficiais de cada Estado, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2019.

 
3 CONTEÚDO
 
      Considerando os procedimentos adotados para cálculo do IGEN, que foi baseado no estudo de Mello e Slomski (2010) inicialmente foi elaborada a estatística descritiva das práticas de governança eletrônica. A maior média foi percebida na Prática de Conteúdo (12,19), que também foi a prática de maior pontuação entre os Estados Nordestinos (109,74). Verificou-se uma pequena modificação nos resultados encontrados por Mello e Slomski (2010). Naquele estudo, os Estados Nordestinos apresentaram maior pontuação na Prática de Serviços (120,4) e menor pontuação na Prática de Privacidade e Segurança (42,51). Os resultados atuais também mostraram que a Prática de Privacidade e Segurança apresentou a menor pontuação (87,5), contudo, verificou-se uma melhora em relação ao estudo de Mello e Slomski (2010).
 
      Em 2010, a menor pontuação encontrada foi no Maranhão, na Prática de Privacidade e Segurança (1,67) e a maior pontuação foi na Bahia, na Prática de Serviços (15,83). No presente estudo, a menor pontuação foi na Prática de Participação Cidadã (6,00) no Piauí e a maior foi na Prática de Conteúdo (16,92) no Maranhão.
 
      As Práticas de Acessibilidade, Conteúdo e Participação Cidadã cresceram 3%, 4% e 6%, respectivamente, em relação ao estudo de Mello e Slomski (2010), enquanto que a Prática de Serviços apresentou uma queda de 13%. Cumpre mencionar que a Prática de Serviços no estudo anterior era a prática que possuía a maior pontuação (120,4), contudo, na presente pesquisa, a Prática de Conteúdo foi a que apresentou maior pontuação (109,74). Portanto, quando se analisam as pontuações, verifica-se que, apesar da pontuação do IGEN ter aumentado ao longo do tempo, a prática mais efetiva apresentou uma redução em pontos totais.
 
Analisou-se também o desvio-padrão, que representa o nível de disparidade para mais ou para menos da informação colhida e que determina o afastamento dos dados em relação à média de pontuação calculada (FRICKE, 2009). O maior desvio-padrão foi percebido na Prática de Participação Cidadã, evidenciando que os Estados Nordestinos apresentaram pontuações bem diferentes nessa prática. O menor desvio foi verificado na Prática de Usabilidade e Acessibilidade, mostrando que as pontuações dos Estados foram bem próximas à média (10,41).
 
      Em relação à pontuação total do IGEN, que alcançou 483,87, houve um aumento de 9% em relação à 2010 (442,74).  Percebe-se também um aumento na pontuação de quatro, das cinco práticas. O aumento mais expressivo foi observado na Prática de Privacidade e Segurança, que em 2010 era de 42,51 e passou para 87,5, aumentando 106% em relação à 2010.
 
      Em seguida, realizou-se uma comparação do IGEN por Estado. Observou-se que, em 2010, o menor IGEN foi registrado pela Bahia (58,27) e o menor pelo Maranhão (43,05). Atualmente, Maranhão passou a ter o maior IGEN (68,42), evidenciando-se uma mudança significativa na gestão da governança eletrônica desse Estado. A Bahia, que antes apresentava o maior IGEN, passou a ter o segundo menor (46,52), mostrando uma queda significativa.
 
      Verificando a posição dos Estados, Maranhão, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas apresentaram IGEN maior que 50, mostrando que esses Estados apresentaram mais da metade das práticas de governança eletrônica implantadas. Apesar de Pernambuco, Piauí, Bahia e Sergipe terem os piores índices, ficando entre as últimas quatro posições, percebe-se que estão presentes mais que 40% das práticas de governança eletrônica.
 
      Em seguida foi elaborada a estatística descritiva do IGEN por Estado e observou-se que os Estados com menor média por prática foram: Sergipe, Bahia, Piauí e Sergipe. As maiores médias foram do Maranhão, do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, coincidindo também com os quatro maiores índices.
 
     Seis Estados apresentaram suas menores pontuações na Prática de Participação Cidadã: Alagoas (10,67), Bahia (6,67), Paraíba (10,00), Piauí (6,00), Rio Grande do Norte (9,00) e Sergipe (6,67). Somente dois Estados tiveram suas menores pontuações na Prática de Privacidade e Segurança: Ceará (9,17) e Maranhão (10,00). Pernambuco mostrou menor pontuação na Prática de Conteúdo.
 
      Quatro Estados apresentaram suas maiores pontuações na Prática de Serviços: Alagoas (11,25), Bahia (12,08), Paraíba (13,33), Pernambuco (12,08). Na Prática de Conteúdo, foram quatro Estados: Maranhão (16,92), Piauí (13,33), Rio Grande do Norte (15,90) e Sergipe (11,28). Somente o Ceará (14,67) que apresentou maior pontuação na Prática de Participação Cidadã. Esses resultados justificam os destaques nas Práticas de Conteúdo e de Serviços.
 
       Por fim, verificou-se que, apesar do Maranhão ser o Estado Nordestino com maior IGEN, ele apresentou o maior desvio-padrão, evidenciando que houve grande discrepância entre os resultados obtidos por prática. Em contrapartida, Alagoas apresentou menor diferença entre as práticas de governança eletrônica (desvio-padrão 0,22).
 
    Em seguida, foram verificados os IGEN por prática e por Estado e verificou-se que em relação à Práticas de Conteúdo, de Participação Cidadã, Privacidade e Segurança e de Serviços, Maranhão foi destaque. Paraíba se destacou somente na Prática de Usabilidade e Acessibilidade. Na Prática de Usabilidade e Acessibilidade, cabe ressaltar que, no decorrer dos anos, Piauí conseguiu elevar sua pontuação consideravelmente, de 6,67 em 2010, para 9,16 em 2019. Outra alteração significativa foi em relação ao Estado do Ceará, que em 2010 tinha uma pontuação de 2,5, passando à pontuação de 9,16 pontos.
 

     Verifica-se que, de modo geral, não houve disparidade significativa na pontuação das práticas, de modo que as alterações para mais não foram relevantes em virtude do longo período entre as análises das práticas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 
      Os resultados permitem concluir que houve uma evolução nas práticas de governança eletrônicas nos Estados Nordestinos, mas ainda é necessária uma maior evolução, porque o Estado que apresentou maior aplicação de práticas, teve menos que 70% das práticas implantadas. Além disso, essa pesquisa permite a ampliação da discussão sobre a temática governança eletrônica, que é uma forma efetiva de controle social.
 
      Para pesquisas futuras, sugere-se analisar a governança eletrônica de todos os Estados Brasileiros, utilizando a metodologia de Mello e Slomski (2010) para verificar a evolução dos resultados, podendo fazer comparação por prática, por Estado e por Região.

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS
 
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO – CGU. Escala Brasil Transparente. Disponível: . Acesso em: 30 mar. 2019.
 
EVANS, D., YEN, D. C. E-Government: evolving relationship of citizens and government, domestic, and international development. Government Information Quarterly, v. 23, n. 3, p. 207-235, 2006.
 
FREITAS, R. K. V.; LUFT, M. C. M. S. Índice de Governança Eletrônica nos Municípios: Uma Análise do Estado de Sergipe. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 13, n. 1, p. 56-73, 2014.
 

MELLO, G. R.; SLOMSKI, V. Índice de Governança Eletrônica dos Estados Brasileiros (2009): no âmbito do Poder Executivo. Journal of Information Systems and Technology Management, v. 7, n. 2, art. 7, p. 375-408, 2010

 

O PODER DE ACURÁCIA DOS ESTÁGIOS DE CICLO DE VIDA DAS EMPRESAS NAS PREVISÃO DE LUCROS: UMA ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTAS NA B3.
Área Temática: Contabilidade Financeira

 

Francisco Alves de Souza Neto
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis
Universidade Federal da Paraíba- UFPB
souzancont@hotmail.com
Orientador: Luiz Felipe de Araújo Pontes Girão

Introdução

     A estimativa de lucro das empresas é fundamental para a tomada de decisão de agentes financeiros, uma vez que a mesma pode ser utilizada como proxy para se entender a relação entre risco e retornos esperados. A previsão de lucros também desempenha um papel relevante na avaliação de empresas, orçamentos de capital e outras configurações de finanças corporativas; além de ser importante para práticas de gerenciamento de investimentos, assim como construção de portfólio (HOU et al., 2012; SALSA, 2010).

     Para se fazer utilizar dessa ferramenta de decisão, muitas vezes são utilizadas previsões de analistas. Essas previsões são construídas por meio de fatores muitas vezes pouco confiáveis, uma vez que existem diversos vieses, como expectativas exageradas, que fazem acreditar que não seria uma melhor opção utilizá-las (BROWN; ROZEFF, 1978; DALMÁCIO, 2009; DE BONDT; THALER, 1990; MARTINEZ, 2004). Nesse sentido, diversos estudos procuraram construir um modelo eficiente de previsão de lucros, porém os mesmos detêm uma característica em comum: dependem exclusivamente dos lucros ex post para realizar uma previsão dos lucros ex ante. Todavia, os lucros realizados podem ser uma proxy ruidosa para previsão de lucros, uma vez que os lucros médios realizados podem se desviar significativamente dos lucros esperados (BLUME; FRIEND, 1973; ELTON, 1999; FROOT; FRANKEL, 1989).

     Tentando sanar essa problemática, pesquisas anteriores (CLAUS; THOMAS, 2001; EASTON, 2004; GEBHARDT et al., 2001; GORDON; GORDON, 1997; HOU et al., 2012; JUETTNER-NAUROTH, 2005) incluíram variáveis explicativas que aumentam o poder de acerto dessas previsões. Apesar de serem positivas, essas tentativas podem não ter sido completamente efetivas, abrindo espaço para novas perspectivas e indagações. Isso faz com que o comportamento da empresa perante a previsão de lucros seja investigado na tentativa de uma melhora-las  (FAIRFIELD, SWEENEY; YOHN, 1996).

     A fim de entender como esses modelos de previsão de lucros, baseados em dados históricos, reagem a mais poder informacional das entendidas, foi relacionada a Teoria do Ciclo de Vida das Empresas (DEANGELO; DEANGELO, 2006; DICKINSON, 2011) na tentativa de aumentar a absorção de informações de empresa, diminuindo os ruídos da previsão. Entendendo que empresas de estágios iniciais apresentam poucas informações disponíveis no mercado reduzindo o potencial de acurácia dos modelos de previsão, dessa maneira, controlando esses estágios, é possível que as previsões sejam mais precisas.

    Dessa forma, tem-se como questão norteadora deste estudo: A associação de variáveis correspondentes aos Estágios de Ciclo de Vida das Empresas aumenta o poder de acurácia de um modelo de previsão de lucros? Logo, o objetivo desta pesquisa é analisar o comportamento das previsões de lucros associados aos estágios do ciclo de vida das empresas. Com base no exposto, este trabalho utiliza a metodologia de Hou et al., (2012) para previsão de lucros adicionada à variáveis suportadas pela Teoria do Ciclo de Vida das Empresas de acordo com o modelo de Dickinson (2011).

       Pesquisas de âmbito nacional e internacional apenas tratam das falhas nas previsões e como elas se relacionam no mercado acionário brasileiro e internacional, deixando um gap na literatura. O presente estudo se destaca entre as demais pesquisas por tentar relacionar a previsão de lucros com os estágios de ciclo de vida das empresas. Nesse sentido, espera-se obter uma previsão mais precisa e aumentar o poder informacional de cada previsão utilizando o estágio de cada empresa como informação adicional.

Procedimentos Metodológicos

     Tendo em vista que o objetivo desta pesquisa foi verificar o comportamento  das variáveis embasadas em ECV a um modelo de previsão lucros (HOU et al., 2012), foi composta uma amostra que utiliza as instituições de capital aberto listadas na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão). Foram retiradas da amostra as organizações do setor financeiro, uma vez que elas apresentam uma estrutura e procedimentos contábeis específicos, o que diferem das demais empresas.
 
      O espaço temporal foi delimitado ao período de 2005 a 2017, período esse em que contempla dados brasileiros, porém vale ressaltar que o período utilizado em cada etapa da pesquisa se modifica com as idiossincrasias dos modelos utilizados. O estudo deu-se em duas etapas, sendo a primeira o cálculo da previsão de lucros e a segunda, a verificação do comportamento das variáveis ECV.

       Assim, para a primeira parte, foi usado um modelo de Hou et al. (2012), que se baseia em uma extensão e variação dos modelos de rentabilidade cross-section (FAMA; FRENCH, 2000, 2006; HOU; ROBINSON, 2006; HOU et al., 2011) para prever lucros. Assim, a amostra final foi composta por 93 ações empresas brasileiras. Vale ressaltar que foram retiradas as empresas que não dispunham de dados suficientes para compor o modelo e que não apresentavam todos os dados do período indicado.

      Na segunda etapa foram estimadas regressões para previsão dos lucros estimada na primeira etapa da pesquisa foi considerada como variável dependente e ECV como uma das variáveis explicativas. Ademais, salienta-se que todos os dados referentes às empresas para composição da amostra utilizaram-se da base Economatica®.

Conclusão

        O objetivo principal desta pesquisa foi melhorar o poder de previsão de lucros com a adição da Teoria do Ciclo de Vida das Empresas. Nesse sentindo, foi usado o modelo de Hou et al. (2012) para prever lucros e adicionados os ECVs, de acordo com o modelo de Dickinson (2011), em instituições de capital aberto listadas na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão).

     Os resultados encontrados sugerem que não houve uma grande melhoramento no poder explicativo dos modelos com a adição dos ECVs ou apenas controle das empresas maduras, porém em relação ao poder de previsão foi verificado que as previsões de lucros mensuradas com ECV apresentaram um poder maior de acurácia dessas previsões em relação ao modelo sem adição de ECV, esse resultado se encontra mais evidente em empresas maduras. A pesquisa ainda teve como limitações o período de disponibilização e exigência de informações das companhias de capital aberto brasileiras. Assim, espera-se adicionar à literatura descobertas sobre modelos de previsão de lucros.

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